O aumento da renda dos brasileiros ajudou a impulsionar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do país em 2009, mas o Brasil manteve neste ano a 75ª posição no ranking elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O IDH procura medir, numa escala de 0 a 1, o nível de avanços de 182 países a partir de três fatores básicos: Produto Interno Bruto (PIB) per capita, educação e saúde. De 2006 para 2007, o IDH brasileiro passou de 0,808 para 0,813 – um valor acima de 0,800 é considerado alto.
Como as publicações dos relatórios de IDH se referem aos dois anos anteriores (2006 e 2007, neste caso), o trabalho mais recente do Pnud deixa de abordar o impacto da crise financeira mundial, iniciada em setembro de 2008. Em 2009, o principal tema do estudo intitulado "Ultrapassar barreiras: mobilidade e desenvolvimento humano" foi a migração. A constatação mais significativa nesse sentido aponta que metade das pessoas que emigram no mundo se movimenta entre países em desenvolvimento, e apenas 37% saem das nações emergentes rumo as mais desenvolvidas.
O relatório defende com veemência a mobilidade como uma das liberdades fundamentais dos povos. Segundo o Pnud, a proporção de emigrantes em relação ao total da população mundial é de cerca de 3% - nível semelhante ao de meio século atrás, quando a globalização da economia ainda engatinhava e a Europa contava com o bloco soviético.
O texto defende claramente as migrações internas como fator de desenvolvimento, e estima em 740 milhões o número de pessoas que migram de uma região para outra dentro do próprio país. Já a quantidade total de migrantes em todo o mundo foi estimada em 214 milhões.
No caso do IDH brasileiro, o principal avanço se deu devido ao PIB per capita, já que a renda média dos brasileiros aumentou neste período. Educação e saúde também evoluíram, embora em menor proporção, consequência da tímida queda do analfabetismo entre adultos e da estagnação da expectativa de vida.
O relatório mostra que o Brasil tem conseguido diminuir os índices de desigualdade social, mas não o suficiente para se livrar da incômoda lista dos dez países mais desiguais do mundo, atrás de Namíbia, Ilhas Comores, Botsuana, Haiti, Angola, Colômbia, Bolívia, África do Sul e Honduras. Só para se ter ideia, 10% dos brasileiros mais ricos concentram 43% da riqueza nacional (quase a metade), enquanto os 10% que vivem abaixo da linha de pobreza ficam com 1% da totalidade.
Diferenças
Na Noruega, país de melhor IDH, os 10% mais ricos ficam com 23% da riqueza nacional, e os 10% em condições mais vulneráveis socialmente concentram 4%. Quando o assunto é educação, o país nórdico investe 35% do próprio gasto público nessa área, sendo que no Brasil tal investimento é de 22%. Os valores percentuais destinados a saúde destoam ainda mais. O governo brasileiro investe 7% do que arrecada para o setor, mas os noruegueses aplicam 18%.
De acordo com os dados divulgados pela ONU, as populações da Noruega, Austrália e Islândia possuem o melhor padrão de vida do mundo, realidade bem diferente da vivida pelos povos do Níger (0,340), Afeganistão (0,352) e Serra Leoa (0,365), que apresentam os piores resultados no IDH. "Muitos países testemunharam retrocessos nas últimas décadas devido às retrações econômicas, crises induzidas por conflitos e epidemias de HIV", explicou Jeni Klugman, principal autora do relatório.
Em nota, o Pnud afirmou que apesar das significativas melhorias ao longo do tempo, o progresso das nações tem sido desigual. "Muitos países experimentaram reveses nas últimas décadas, diante de reviravoltas econômicas, crises relacionadas a conflitos e a epidemia de HIV/Aids, e isso foi antes que o impacto da crise econômica global fosse sentido", observa o texto. A agência da ONU, responsável pela publicação do IDH desde 1990, informou que o desenvolvimento humano geral progrediu 15% desde 1980. Nesse período, de acordo com a entidade, China, Irã e Nepal registraram as evoluções mais acentuadas.
Listamos para você os 20 primeiros do ranking de IDH (acrescidos do Brasil):
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