Li no Jornal A Notícia (AN/SC) na data de hoje (25.11.2009) e no Blog da Professora Samantha Buglione e compartilho com vocês...
A matéria é entitulada: "Irritando Samantha Buglione".
De toda sorte, as irritações levantadas não se limitam, sem sombra de dúvidas, a sua pessoa, mas a muitos de nós e estou incluído neste universo...
"Irritar, do dicionário, é “enervar(-se), causar dor ou inflamação a um órgão”. Sou uma pessoa irritável (às vezes, irritante, admito!). Minha irritação é uma dor de aflição. Uma aflição por conta de absurdos como abuso de poder (político e econômico), passividade, normopatia, enganação, alienação, desistência, corrupção. O sangue ferve. Acho que ainda me importo demais, demasiada atenção às coisas da vida. Aí, como em um exercício tragicômico, resolvi fazer uma lista “top 10” do que mais me irrita e compartilhá-la. Talvez eu descubra que não sou uma irritada solitária.
1. Assoprador de folhas. Sou do tempo que o povo usava vassoura. Comprar um aparelho a gasolina e que faz um barulho infernal, para assoprar folhas, em regra para o terreno ou casa do vizinho, é, no mínimo, a consagração da preguiça como forma de cultura. Nível de irritação: 8.
2. “O sistema não permite, senhora”. Vício dos teles e das pessoas que não conseguem resolver problemas, essa frase é uma facada. Sinto-me em tempos medievais quando tudo se justificava com Deus. Ao que tudo indica, Deus se transformou no “sistema”. Nível de irritação: 10.
3.“Fizemos isso em nome da lei”. Essa frase só não é pior do que a que diz “matei em nome de Deus”. Vários atos ilegais do poder público são justificados, acredite, pelo cumprimento da lei. Não é que a lei seja ruim, é o agente público que não entende nada e se fia na ignorância alheia. Ignora, por exemplo, que há uma hierarquia normativa e que ele está subordinado a ela e não às vontades políticas contingentes. Essa ignorância sem-vergonha explica, por exemplo, a farra dos alvarás ilegais. Nível de irritação: 10 com estrelinhas.
4. “O que adianta eu fazer se nada vai mudar mesmo?” Muitos acham que é melhor ficar acomodado do que tentar mudar alguma coisa. A ação não precisa ser grande. Ela começa em casa, indo ao supermercado, por exemplo. Devemos fazer algo despreocupados se vamos conseguir mudar alguma coisa ou ter glórias, devemos fazer dever e possibilidade de fazer. Nível de irritação: 8.
5. O sistema de transporte de Florianópolis. Ônibus caro, ruim, que não respeita os horários e pinga-pinga. Cadê a licitação? Nível de irritação: 9.
6. Cidade sem praça. Aquele papinho de que praça traz marginal não só é ignorante como má-fé. Praça só traz marginal se as pessoas acharem que o ideal de divertimento é ir ao shopping. As crianças de hoje estão com DDA e não têm ideia do que é uma minhoca. É só TV, prédio e consumo. Vão brincar onde? Vão descobrir o mundo como? Por meio do Discovery Kids? Nível de irritação: 10.
7. Criminalização do aborto voluntário. A criminalização do aborto destina-se apenas a algumas mulheres, sendo, por isso, uma lei que discrimina explicitamente mulheres pobres ou sem informação. Mulheres com condições econômicas fazem aborto no exterior sem, ao menos, cometer crime no Brasil; ou, ainda, em uma clínica privada sem colocar em risco sua saúde. As demais morrem ou são criminosas. Nível de irritação: 9.
8. Financiamentos do BNDES. Cada vez que vejo o BNDES dando dinheiro para grandes corporações, em vez de dar recurso para o pequeno agricultor, para o produtor orgânico e para o turismo, quase morro. Dinheiro do BNDES é dinheiro público. Isso parece aquela velha frase: “Quando o pobre dá para o rico até o diabo acha graça”. Nível de irritação: 10 com estrelinha.
9. O discurso do crescimento e da geração de emprego como justificativas a tudo. Questiono: crescer para onde e para quem? Toda a geração de emprego é justificável? Se é sim para as duas perguntas, significa que devemos apoiar o tráfico (todos os tipos) e vamos garantir apenas benefícios imediatos. Se vamos ficar sem água e sem futuro não é problema nosso mesmo, mas das gerações futuras! Nível de irritação: 10.
10. Construções que ignoram o seu entorno. Santa Catarina vive a realidade de vendavais e inundações. Mesmo assim, as pessoas teimam em construir suas casas sem perceber essa realidade: constroem perto de rios, nos morros, constroem casas gigantescas, fechadas, sem ventilação e resolvem o calor ou o frio com ar-condicionado. Constroem no mangue, em área de preservação permanente, cortam todas as árvores e cimentam o que sobrou. Tudo seria mais fácil se tirássemos os olhos do nosso umbigo e respeitássemos o local onde vivemos. A natureza não vai se adaptar a nós. Nível de irritação: 10".
A matéria é entitulada: "Irritando Samantha Buglione".
De toda sorte, as irritações levantadas não se limitam, sem sombra de dúvidas, a sua pessoa, mas a muitos de nós e estou incluído neste universo...
"Irritar, do dicionário, é “enervar(-se), causar dor ou inflamação a um órgão”. Sou uma pessoa irritável (às vezes, irritante, admito!). Minha irritação é uma dor de aflição. Uma aflição por conta de absurdos como abuso de poder (político e econômico), passividade, normopatia, enganação, alienação, desistência, corrupção. O sangue ferve. Acho que ainda me importo demais, demasiada atenção às coisas da vida. Aí, como em um exercício tragicômico, resolvi fazer uma lista “top 10” do que mais me irrita e compartilhá-la. Talvez eu descubra que não sou uma irritada solitária.
1. Assoprador de folhas. Sou do tempo que o povo usava vassoura. Comprar um aparelho a gasolina e que faz um barulho infernal, para assoprar folhas, em regra para o terreno ou casa do vizinho, é, no mínimo, a consagração da preguiça como forma de cultura. Nível de irritação: 8.
2. “O sistema não permite, senhora”. Vício dos teles e das pessoas que não conseguem resolver problemas, essa frase é uma facada. Sinto-me em tempos medievais quando tudo se justificava com Deus. Ao que tudo indica, Deus se transformou no “sistema”. Nível de irritação: 10.
3.“Fizemos isso em nome da lei”. Essa frase só não é pior do que a que diz “matei em nome de Deus”. Vários atos ilegais do poder público são justificados, acredite, pelo cumprimento da lei. Não é que a lei seja ruim, é o agente público que não entende nada e se fia na ignorância alheia. Ignora, por exemplo, que há uma hierarquia normativa e que ele está subordinado a ela e não às vontades políticas contingentes. Essa ignorância sem-vergonha explica, por exemplo, a farra dos alvarás ilegais. Nível de irritação: 10 com estrelinhas.
4. “O que adianta eu fazer se nada vai mudar mesmo?” Muitos acham que é melhor ficar acomodado do que tentar mudar alguma coisa. A ação não precisa ser grande. Ela começa em casa, indo ao supermercado, por exemplo. Devemos fazer algo despreocupados se vamos conseguir mudar alguma coisa ou ter glórias, devemos fazer dever e possibilidade de fazer. Nível de irritação: 8.
5. O sistema de transporte de Florianópolis. Ônibus caro, ruim, que não respeita os horários e pinga-pinga. Cadê a licitação? Nível de irritação: 9.
6. Cidade sem praça. Aquele papinho de que praça traz marginal não só é ignorante como má-fé. Praça só traz marginal se as pessoas acharem que o ideal de divertimento é ir ao shopping. As crianças de hoje estão com DDA e não têm ideia do que é uma minhoca. É só TV, prédio e consumo. Vão brincar onde? Vão descobrir o mundo como? Por meio do Discovery Kids? Nível de irritação: 10.
7. Criminalização do aborto voluntário. A criminalização do aborto destina-se apenas a algumas mulheres, sendo, por isso, uma lei que discrimina explicitamente mulheres pobres ou sem informação. Mulheres com condições econômicas fazem aborto no exterior sem, ao menos, cometer crime no Brasil; ou, ainda, em uma clínica privada sem colocar em risco sua saúde. As demais morrem ou são criminosas. Nível de irritação: 9.
8. Financiamentos do BNDES. Cada vez que vejo o BNDES dando dinheiro para grandes corporações, em vez de dar recurso para o pequeno agricultor, para o produtor orgânico e para o turismo, quase morro. Dinheiro do BNDES é dinheiro público. Isso parece aquela velha frase: “Quando o pobre dá para o rico até o diabo acha graça”. Nível de irritação: 10 com estrelinha.
9. O discurso do crescimento e da geração de emprego como justificativas a tudo. Questiono: crescer para onde e para quem? Toda a geração de emprego é justificável? Se é sim para as duas perguntas, significa que devemos apoiar o tráfico (todos os tipos) e vamos garantir apenas benefícios imediatos. Se vamos ficar sem água e sem futuro não é problema nosso mesmo, mas das gerações futuras! Nível de irritação: 10.
10. Construções que ignoram o seu entorno. Santa Catarina vive a realidade de vendavais e inundações. Mesmo assim, as pessoas teimam em construir suas casas sem perceber essa realidade: constroem perto de rios, nos morros, constroem casas gigantescas, fechadas, sem ventilação e resolvem o calor ou o frio com ar-condicionado. Constroem no mangue, em área de preservação permanente, cortam todas as árvores e cimentam o que sobrou. Tudo seria mais fácil se tirássemos os olhos do nosso umbigo e respeitássemos o local onde vivemos. A natureza não vai se adaptar a nós. Nível de irritação: 10".
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