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Pretendentes habilitados podem acessar dados de crianças aptas à adoção

"Quero saber como é ter uma família, uma família só minha". Essa é uma das informações que podem ser acessadas pelos mais de 32 mil pretendentes habilitados no Sistema Nacional de Adoção e Acolhimento (SNA), por meio da Busca Ativa Nacional, que será disponibilizada a partir desta segunda-feira (5/9).

Liberada pelo Conselho Nacional de Justiça, a ferramenta tem o objetivo de aumentar as chances de encontrar uma família para os meninos e meninas que estão em acolhimento no país e aptos à adoção. Além das descrições, os pretendentes poderão verificar fotos e vídeos das crianças e adolescentes.

A ideia da busca ativa é possibilitar o encontro entre pretendentes habilitados e as crianças aptas à adoção que tiverem esgotadas todas as possibilidades de buscas nacionais e internacionais de famílias compatíveis com seu perfil no SNA.

O presidente do CNJ, ministro Luiz Fux, destacou que a disponibilização será sempre precedida de autorização judicial e de manifestação de interesse do adolescente ou da criança, quando forem capazes de autorizar a utilização de dados. "Com a busca ativa nacional, o CNJ promoverá mais uma política de proteção às crianças e adolescentes, em especial àqueles que não têm garantido seu direito à uma família".

A implementação da ferramenta foi dividida em duas etapas: a primeira delas, concretizada em maio deste ano, permitiu que as unidades judiciárias indiquem as crianças e adolescentes que estão disponíveis para busca ativa, com a possibilidade de inclusão de fotos e vídeos. Na segunda etapa, a ser deflagrada agora, essas informações serão disponibilizadas aos pretendentes, com acesso restrito.

A busca ativa a partir do SNA soma-se às iniciativas já adotadas por alguns tribunais brasileiros no esforço de unir as crianças às novas famílias. Para a pesquisadora do Departamento de Pesquisas Judiciárias (DPJ/CNJ) e gestora negocial do SNA, Isabely Mota, a nova fase do projeto é uma "oportunidade para que mais de duas mil crianças que não conseguem ser vinculadas pelos sistemas, por serem mais velhas, com doenças, deficientes ou grupos de irmãos, conseguirem uma família".

Desde maio, cerca de 200 crianças e adolescentes foram indicadas pelas Varas de Infância e Juventude para a Busca Ativa. O presidente do Fórum Nacional da Infância e da Juventude (Foninj), Conselheiro Richard Pae Kim, destacou que a funcionalidade deve garantir a preservação da identidade e da imagem das crianças e adolescentes, com a apresentação apenas do prenome, idade e estado do acolhimento.

Apenas os pretendentes devidamente habilitados terão acesso à busca ativa. Para ampliar as chances de adoção, a busca pelo SNA continuará a ser feita, enquanto não for realizada a vinculação por busca ativa. "Com a possibilidade de acessar as informações das crianças, os pretendentes podem ser sensibilizados pelos sonhos dos meninos e meninas que aguardam por uma família", disse Pae Kim.

Além disso, todo o material visual é acompanhado por marca d’água com as informações do nome e CPF das pessoas que realizam a consulta, o que evita a divulgação indevida de dados. Cabe à equipe técnica do serviço de acolhimento, em articulação com a rede protetiva e a equipe técnica judiciária, realizar o trabalho psicossocial de preparação da criança ou do adolescente para sua disponibilização por meio da busca.

Estatísticas nacionais
Desde 2019, o SNA já viabilizou mais de 12,4 mil adoções. De janeiro a agosto de 2022, foram registradas mais de duas mil adoções pelo sistema. Destas, 47% eram pardas, 39,3% brancas e 10,3% pretas. Das crianças adotadas, 550 tinham até 2 anos de idade e apenas 51 tinham de 14 a 16 anos. No mesmo período, mais de oito mil crianças foram reintegradas às suas famílias.

Ainda assim, mais de 4 mil acolhidos aguardam ser adotados. Desses, aproximadamente 2.300 não consegue encontrar pretendentes interessadas em sua adoção: são crianças mais velhas, que fazem parte de grupos irmãos ou, ainda, com doenças ou deficiências. 


Com informações da assessoria de imprensa 

do Conselho Nacional de Justiça.

Fonte: Conjur

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